Neste episódio do podcast “Fala Colega”, Leo Becker entrevista André Chaves, fundador da iniciativa Papel e Caneta. A conversa gira em torno da trajetória de André, suas experiências no Brasil e no exterior, e os desafios enfrentados na carreira de designer. André compartilha insights sobre o impacto de diferentes culturas no trabalho criativo e como ele encontrou no Papel e Caneta uma forma de manifestar suas crenças e questionar a normatividade no mundo do design. A entrevista também aborda questões relacionadas à diversidade, inclusão, e como o design pode ser um catalisador de mudanças sociais.

Leo Becker: Olá, pessoal! Estamos começando mais um episódio do Fala Colega, o podcast do criativo brasileiro. Hoje, tenho a honra de conversar com André Chaves, um designer incrível que está à frente de várias iniciativas, como o Papel e Caneta, que muitos de vocês já devem conhecer. A carreira do André é longa, e tenho certeza que ele tem muita coisa para compartilhar com a gente. Obrigado por aceitar participar, André! Para começar, você poderia se apresentar e contar um pouco da sua trajetória até aqui?

André Chaves: Claro! Primeiro, obrigado pelo convite, Leo. Minha trajetória no design começou de forma um pouco inesperada. Desde criança, sempre me interessei por arte e comunicação, mas foi durante a faculdade que encontrei o design como uma ferramenta para transformar ideias em impacto real. Ao longo da minha carreira, fui experimentando diferentes áreas e, em 2014, fundei o Papel e Caneta, um coletivo de designers que acredita no poder do design como catalisador de mudanças sociais.

Leo Becker: Incrível! Você mencionou o Papel e Caneta. Fale um pouco mais sobre o projeto. Como ele começou e qual é a missão principal?

André Chaves: O Papel e Caneta começou como uma resposta à minha insatisfação com o cenário tradicional do design. Eu sentia que o design estava sendo subutilizado, focado apenas em criar soluções para empresas sem pensar no impacto social. Então, criei o coletivo como uma forma de reunir pessoas que queriam desafiar o status quo e usar o design para enfrentar questões sociais, culturais e políticas. Nossa missão é criar campanhas e projetos que gerem diálogo e transformem a sociedade.

Leo Becker: Que visão! Você tem uma longa carreira, e uma parte importante dela foi vivida fora do Brasil, em Nova York. Como foi essa experiência? Que impacto teve na sua visão de design?

André Chaves: Nova York foi um grande divisor de águas na minha vida. Quando me mudei para lá, foi como se eu tivesse sido transplantado de um vaso pequeno para um enorme, com muito mais espaço para crescer. O mercado de lá é extremamente dinâmico e global, o que me permitiu entrar em contato com ideias e perspectivas que eu não tinha no Brasil. Isso me ajudou a expandir minha visão de design e a entender que o design pode, sim, ser uma ferramenta de transformação social em escala global.

Leo Becker: Deve ter sido uma experiência cultural incrível! E como foi voltar para o Brasil depois de viver essa realidade em Nova York?

André Chaves: Foi um choque cultural voltar, mas ao mesmo tempo me fez perceber o potencial que temos aqui no Brasil. Quando você vê como o mercado funciona lá fora, percebe que temos muito talento e criatividade aqui, mas também muitos desafios. Eu quis trazer um pouco dessa experiência de volta e aplicar no que fazemos aqui no Brasil. Inclusive, Aracaju, minha cidade natal, será a sede da Bienal de Design este ano, o que é um marco importante para a nossa cultura.

Leo Becker: Que incrível! Eu também tive uma experiência parecida quando visitei a Holanda. Me fez questionar algumas coisas sobre o Brasil, mas também me deu muito orgulho do nosso país. Outra coisa que me chamou a atenção foi sua fala sobre diversidade. Como o design pode contribuir para a inclusão e a diversidade?

André Chaves: Eu acredito que a inclusão é fundamental para o design, não apenas em termos de representatividade, mas no impacto que ele pode ter na sociedade. O design tem o poder de dar voz a minorias e de criar soluções que atendam a todos. No Papel e Caneta, sempre discutimos como podemos trazer mais diversidade para o centro das nossas criações, seja no time, nas ideias ou nas campanhas. Não é uma tarefa fácil, porque muitas vezes o mercado ainda resiste a essas mudanças, mas acreditamos que é um esforço necessário.

Leo Becker: E como você enxerga a resposta das grandes empresas a essa demanda por diversidade? Muitas vezes, vemos discursos que parecem mais marketing do que uma verdadeira mudança.

André Chaves: Infelizmente, isso acontece bastante. Muitas empresas falam de diversidade, mas não praticam isso de verdade. O grande desafio é mostrar que a diversidade não é só uma questão de responsabilidade social, mas também um fator de sucesso. Empresas que investem em diversidade tendem a ter resultados melhores, porque conseguem se conectar com públicos mais amplos e diversas perspectivas. O desafio é tornar essa prática comum e mostrar que o design pode ser o veículo para isso.

Leo Becker: Concordo totalmente! E falando em desafios, como você faz para balancear suas crenças e valores pessoais com as demandas comerciais do mercado?

André Chaves: Esse é sempre um dilema. Mas eu acredito que é possível encontrar um meio-termo. No Papel e Caneta, por exemplo, nós buscamos sempre questionar o que está sendo proposto e, quando não concordamos, tentamos encontrar uma solução que seja ética e que ainda atenda às necessidades do cliente. É um equilíbrio difícil, mas fundamental para não perdermos nossa essência.

Leo Becker: Para fechar, André, o que você diria que foram as maiores lições que você aprendeu ao longo desses 10 anos de carreira?

André Chaves: Acho que a maior lição foi entender que o design é uma jornada de longo prazo. A construção de relacionamentos e de uma rede de apoio é fundamental. Outro ponto é que devemos estar sempre abertos a aprender e evoluir. A indústria do design está sempre mudando, e precisamos estar preparados para nos adaptar. Além disso, a importância de manter a ética no trabalho e acreditar que o design pode, sim, ser uma força para o bem.

Leo Becker: André, foi um prazer imenso te ter aqui no Fala Colega. Obrigado por compartilhar sua história e insights com a gente. Tenho certeza que nossos ouvintes também se inspiraram muito.

André Chaves: Obrigado, Leo! Foi ótimo participar e trocar essa ideia. Espero que a gente possa continuar transformando o design e o mundo juntos.

Leo Becker: E é isso, pessoal! Muito obrigado a todos que nos acompanharam. Não se esqueçam de deixar um like e compartilhar esse episódio para que mais pessoas possam ouvir essas histórias incríveis. Até a próxima!

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